Nosso coração é uma bomba hidráulica biológica que tem a capacidade de relaxar e se contrair, permitindo assim que haja circulação de sangue por todo nosso corpo. Chamamos isso de batimento cardíaco. Estes batimentos cardíacos ocorre em torno de 100.000 vezes por dia, o que significa de 60 a 100 batimentos por minuto em condições normais de repouso. Esta contração e relaxamento ocorrem de forma sistematicamente organizada. Isto acontece porque nosso coração possui caminhos elétricos dentro dele que, controlada por um fluxo de entrada e saída de íons, permite que o músculo cardíaco se contraia para bombear o sangue para o corpo e relaxe para se encher de sangue, conforme a passagem da atividade elétrica por suas fibras musculares.
O coração é dividido em 4 câmaras: átrios e ventrículos, direitos e esquerdos. Os átrios são chamados de câmaras superiores e os ventrículos de câmaras inferiores. Através destas câmaras o sangue circula dentro do coração. Estas câmaras são separadas por valvas, permitindo que o sangue siga sempre a mesma direção.
Além do músculo cardíaco, das câmaras e valvas, nosso coração possui um sistema elétrico próprio. Este sistema elétrico cardíaco é composto por fibras altamente especializadas em formar e conduzir o impulso elétrico. O sistema elétrico cardíaco é constituído pelo:
– Nó sinusal: onde nasce o impulso elétrico.
– Nó átrio-ventricular: estrutura que comunica os átrios aos ventrículos do ponto de vista elétrico. Normalmente este é o único local onde ocorre esta comunicação.
– Sistema His-Purkinje: por onde o impulso elétrico viaja para despolarizar os ventrículos, permitindo sua contração.
Basicamente, os fenômenos que ocorrem a cada batimento são os seguintes:
1 – O impulso elétrico nasce no nó sinusal, percorre os átrios, despolarizando-os;
2 – Isto faz com que ocorra a contração destas câmaras, abrindo as valvas átrio-ventriculares (tricúspide e mitral) e permitindo que o sangue flua até os ventrículos.
3- Neste momento o impulso elétrico atinge o nó átrio-ventricular, onde ocorre um atraso elétrico fisiológico (normal).
4- Após isto, o impulso elétrico atinge o sistema His-Purkinje, onde novamente o impulso elétrico viaja muito rapidamente,ocasionando a contração ventricular, com fechamento das valvas mitral e tricúspide e abertura das valvas pulmonar e aórtica.
5 – A partir deste ponto o sangue sai do coração para os pulmões no lado direito e para os demais órgãos pelo lado esquerdo.
Quando ocorre alguma doença ou alteração no sistema elétrico cardíaco, podemos apresentar algum tipo de arritmia.
Quando a velocidade do impulso elétrico fica lenta ou quando fica bloqueada em alguma estrutura o coração passa a bater muito lentamente. Chamamos isto de bradicardia.
Em outro casos, o impulso elétrico pode ficar muito acelerado. São arritmias chamadas de taquicardias. Isto pode acontecer quando um foco do coração fora do sistema elétrico normal “dispara” ou mais comumente, quando este impulso elétrico utiliza vias elétricas anômalas (anormais) e faz o coração ficar muito acelerado.
Quando o coração bate de forma errada, ele não bombeia sangue tão eficientemente quanto deveria, diminuindo a entrega de sangue com oxigênio para o corpo. Isto pode gerar sintomas de palpitações, falta de ar, dor no peito, tonturas, desmaios e até mesmo possibilidade de morte súbita.
O diagnóstico de uma arritmia, é feito pela coleta da história clinica, exame físico e alguns testes específicos, dependendo do tipo de arritmia que se suspeita. Além dos exames de sangue, seu médico pode solicitar o Eletrocardiograma, Ecocardiograma, o Holter 24 horas, Teste Ergométrico e o Estudo Eletrofisiológico (usado para localizar a origem da arritmia e determinar o melhor tratamento).
O tratamento depende do tipo da arritmia – sua frequência, duração, sintomas e riscos associados. Decisões no tratamento também levam em consideração outros problemas existentes no coração. Nas arritmias graves e com risco de morte, tratamento emergencial para restaurar o ritmo cardíaco normal deve ser feito através de um choque no peito (cardioversão ou desfibrilação elétrica) ou através de medicamentos intravenosos.
As arritmias também podem ser tratadas com medicamentos para estabilizar os batimentos cardíacos ou prevenir complicações. Estes podem incluir os medicamentos antiarrítmicos, para manter o ritmo do coração normal.
Certos tipos de arritmias, como a fibrilação atrial, apresentam um alto risco de derrame e certos pacientes precisam receber anticoagulantes para “afinar” o sangue.
Tratamentos especializados foram desenvolvidos recentemente para restaurar o ritmo normal do coração e reduzir os riscos que acompanham as arritmias cardíacas. Estes incluem: marcapasso cardíaco, cardiodesfibrilador implantável (CDI) e ablação por cateter.